Ser sustentável é vantagem
02/01/12 | Juan Quirós – Presidente do Grupo Advento e vice-presidente da Fiesp
A seis meses da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, é fundamental que governos e a sociedade mobilizem-se e se debrucem sobre o tema.
A humanidade está atrasada na agenda de sua sobrevivência, considerados os pífios resultados de iniciativas como o Tratado de Quioto e a Agenda 21, documento basilar da Rio 92.
É fundamental o engajamento das empresas nesse processo, independentemente das decisões governamentais. Felizmente, observa-se no universo corporativo dos mercados emergentes que cresce o número de organizações preocupadas com a questão e que muitas delas estão se beneficiando de iniciativas que aliam progresso ao desenvolvimento sustentável.
Em nosso país, o conceito emergiu com força na década de 1990. Segundo pesquisa do Ibope, 46% das empresas entrevistadas afirmam que têm políticas de sustentabilidade e 37% possuem um departamento específico dedicado ao assunto.
Contudo, os números mostram que o conceito ainda não está devidamente incorporado na totalidade das organizações: é estratégico para 32%, pontual para 30%, informal para 23%, existente, mas não aplicado em 11% e inexistente em 4%.
Contribuição relevante no sentido de sensibilizar as empresas e a sociedade quanto à importância das práticas sustentáveis é a disseminação ampla de suas vantagens.
Exemplos desses benefícios encontram-se nas construções sustentáveis, caracterizadas pela presença de painéis de energia solar; captação da chuva, dispositivo de redução do consumo e reúso da água; utilização de materiais novos recicláveis, que possam ser usados nas reformas; fonte de energia eólica; filtros e sensores de dióxido de carbono, melhorando a qualidade do ar interno; aproveitamento de ventilação e iluminação naturais; paisagismo com espécies nativas; e mínima ocupação do solo, favorecendo a permeabilidade.
Edificações com tais características propiciam economia de 30% de energia e até 50% de água, além de redução de até 60% na geração de resíduos sólidos e 35% de dióxido de carbono.
Além dos benefícios ambientais e impactos positivos na qualidade da vida, esses avanços fazem muito bem ao bolso dos proprietários.
No caso de prédios comerciais, obtêm-se, em média, acréscimo de 10% a 20% por metro quadrado no aluguel e 3,5% na ocupação. No caso de prédios residenciais, é de 14% a sobrevalorização.
O avanço da sustentabilidade na arquitetura e construção suscita enormes oportunidades no tocante ao desenvolvimento de produtos, materiais, serviços e tecnologia. Implica, porém, os desafios de estimular todo esse movimento nos sistemas produtivos e incentivar a inovação.
As empresas devem ser agentes de desenvolvimento e o poder público, instrumento de transformação.
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